Movidos por un sentimiento nacionalista y apoyado por los grandes medios de comunicación, grupos organizados de extrema derecha impulsan agresiones sistemáticas contra partidos de izquierda y movimientos sociales en las últimas manifestaciones en São Paulo y Rio de Janeiro. El artículo explica el peligro de las agresiones y su complejidad.
Intolerância a partidos, sindicatos e movimentos sociais mancha ato na Paulista
Bandeiras foram queimadas em passeata de comemoração à revogação do aumento das tarifas. Passe Livre condena violência, que cresce em todo o país e faz primeira vítima fata.
por Gisele Brito e Tadeu Breda, da RBA, 21/06/2013
Bandeiras foram queimadas em passeata de comemoração à revogação do aumento das tarifas. Passe Livre condena violência, que cresce em todo o país e faz primeira vítima fata.
por Gisele Brito e Tadeu Breda, da RBA, 21/06/2013
São
Paulo – A hostilidade contra movimentos sociais e partidos políticos de
esquerda marcou a manifestação realizada ontem (20) na Avenida
Paulista, em São Paulo, para comemorar a redução da tarifa do transporte
público na cidade. A partir da próxima segunda-feira, o valor da
passagem de ônibus, trem e metrô voltará a ser de R$ 3 – e não mais de
R$ 3,20, como propunham os governos municipal e estadual. O que era para
ser uma celebração, no entanto, ganhou ares antidemocráticos quando a
multidão passou a implicar com um pequeno grupo de militantes que
carregavam as bandeiras de suas organizações. Objetos foram lançados
contra eles, inclusive artefatos em chamas. Alguns foram agredidos e ao
menos uma pessoa ficou ferida.
Membros de PT, Psol, PSTU, PCO, PCB e PCR se fizeram presentes na passeata desta quinta-feira, bem como integrantes das centrais sindicais CTB, Conlutas e Intersindical. Movimentos sociais, como MST, MTST, Uneafro e MAB, também apareceram. As hostilidades começaram já durante a concentração do protesto, na Praça do Ciclista, bem na esquina da Avenida Paulista com a Rua da Consolação. Descontentes com a presença dos partidos e movimentos, muita gente decidiu iniciar o protesto de maneira independente. Houve uma divisão extraoficial por blocos, em que movimentos e tendências estavam mais ou menos definidos. Logo no início, as tentativas de agressão aos militantes fizeram com que eles formassem um cordão humano para autodefesa. De braços dados, impediam que opositores mais exaltados arremetessem contra quem portava bandeiras.
A intolerância a símbolos partidários vinha sendo uma constante nas manifestações pela redução da tarifa desde o quinto protesto, realizado na última segunda-feira (17), quando a mobilização ganhou a adesão de dezenas de milhares de paulistanos. Nas passeatas que saíram do Largo da Batata, na zona oeste, e da Praça da Sé, no centro, já havia sido possível testemunhar o conjunto dos manifestantes constrangendo militantes partidários com gritos do tipo “Abaixa essa bandeira” ou “Bandeira, aqui, só a do Brasil”. As palavras de ordem era repetidas até que as bandeiras deixassem de tremular. Mas até então não se havia visto agressões físicas – que ontem, na Avenida Paulista, com a ajuda de grupos de extrema-direita e skinheads, beiraram o linchamento.
“Sou brasileiro, sem partido”, disse um rapaz que tomou bandeiras partidárias, em especial do PT, de cidadãos que compareceram ao protesto. Na altura do prédio da TV Gazeta, próximo ao cruzamento com a Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, um grupo sentou sobre o pavimento e impediu que pessoas com símbolos partidários avançassem. Em seguida, bandeiras foram tomadas à força e rasgadas ou queimadas. Os poucos manifestantes que conseguiram salvar suas insígnias tiveram de se retirar às pressas do meio da multidão. Quando finalmente não havia mais bandeiras no horizonte, a maioria dos manifestantes festejou e começou a cantar “Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”, enquanto chacoalhavam o símbolo pátrio.
“Não concordo com a violência, mas a maioria das pessoas estava pedindo democraticamente que eles abaixassem as bandeiras”, argumenta David Romão, de 26 anos, que não agrediu nem lançou objetos contra os militantes partidários, mas gritou para que guardassem as bandeiras. “Eu sou contra a violência, mas se o partido também fosse contra a violência, eles não viriam levantar suas bandeiras aqui. E quando todo mundo clamou, quando quase toda Avenida Paulista exigiu que abaixassem as bandeiras, se tivessem feito isso, acho que teria sido mais político e mais democrático. Eles não podem se aproveitar disso aqui.”
Luis Felipe Fabres, de 32 anos, era outra voz engrossando o coro do bloco antipartido. “A manifestação era para pedir novas mudanças no país, mas o movimento foi tomado pelo PT para desmoralizar, para que amanhã as pessoas percam a vontade de estar na rua”, disse, exaltado, depois de gritar que quem portava bandeiras vermelhas tinha mais era que ir para a Rússia. “Eles querem que tudo termine em violência pra criar medo. O movimento é de rua, é do povo, o povo é maioria, não pode entregar a rua para o PT.”
Uma das pessoas que formavam parte do cordão humano que protegia os militantes era Carlos Wellington, membro do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Wellington acredita que a agressividade contra os partidos se deve ao fato de que a multidão simplesmente desconhece que as agremiações de esquerda são responsáveis por construir a mobilização contra a tarifa ao longo dos anos juntamente com o Movimento Passe Livre (MPL). “O povo que veio para a rua só depois não está ciente de que o MPL contou muito com a ajuda da juventude do Psol, do PSTU, do PCO, do PCB e também de setores da esquerda do PT”, apontou. “Eles tiveram papel muito importante, mas o pessoal não entende.”
Para o militante do MST, a população tem de saber quais são os partidos que estão organizados em sindicatos e associações de bairro, que fazem greves e que vão às ruas manifestar por mais democracia e mais direitos. “Se eu proíbo a pessoa de carregar bandeiras, é lamentável”, continua. “E são as mesmas pessoas que gritam palavras de ordem contra o vandalismo e falam que são pacíficas. Se não tomar cuidado, esse nacionalismo inconsequente, que não tem teoria, não tem leitura, acaba levando para um fascismo.”
“Fascismo” também foi a palavra utilizada pela estudante Marília Zanotin, de 20 anos, para classificar a postura dos agressores. “É muito diferente ser apartidário de ser contra os partidos”, comparou. “É preciso reconhecer que alguns partidos participaram de lutas importantes. Isso é um movimento fascista, é algo muito perigoso. A existência de partidos é um direito conquistado depois de muita luta contra a ditadura.”
“A mobilização, para ser democrática, tem que incluir a todos os grupos e organizações políticas. E isso inclui partidos e movimentos sociais”, definiu Fernando, jovem que não é afiliado a nenhuma organização política, mas passou parte do protesto batendo boca com manifestantes que agrediam verbalmente os militantes. “A negação do partido é perigosa, pois uma política feita exclusivamente sem partido só pode ser uma política ditatorial. A ditadura é a política que elimina o partido. O partido, seja ele qual for, é importante.”
Alguns membros do Passe Livre passaram toda a manifestação tentando evitar que os manifestantes antipartido partissem para a agressão. Pouco antes das bandeiras serem abaixadas à força, um deles foi questionado por uma senhora de idade: “Por que vocês permitiram que eles viessem?”, disse a mulher, que carregava um poodle nos braços. “Minha senhora, a rua é de todos, não posso impedir que ninguém participe da passeata”, respondeu.
Um dos integrantes do MPL que se postou bem no meio da linha de fogo para acalmar os ânimos foi um jovem de 21 anos conhecido como Bahia. Ele conversou com a RBA logo depois das agressões. “É normal que, num ato que se massifica e traz centenas de milhares para as ruas, as pessoas tenham consciências diferentes e pensem diferente. Mas essas pessoas aqui acabaram de exercer uma violência absurda contra pessoas que também têm o direito de viver democracia”, lamentou. “Elas queimaram bandeiras, chutaram e bateram em militantes que estão nas ruas há anos. Sabe o que é isso? É pior do que a polícia do governador Geraldo Alckmin (PSDB).”
Problemas em outras cidades
Membros de PT, Psol, PSTU, PCO, PCB e PCR se fizeram presentes na passeata desta quinta-feira, bem como integrantes das centrais sindicais CTB, Conlutas e Intersindical. Movimentos sociais, como MST, MTST, Uneafro e MAB, também apareceram. As hostilidades começaram já durante a concentração do protesto, na Praça do Ciclista, bem na esquina da Avenida Paulista com a Rua da Consolação. Descontentes com a presença dos partidos e movimentos, muita gente decidiu iniciar o protesto de maneira independente. Houve uma divisão extraoficial por blocos, em que movimentos e tendências estavam mais ou menos definidos. Logo no início, as tentativas de agressão aos militantes fizeram com que eles formassem um cordão humano para autodefesa. De braços dados, impediam que opositores mais exaltados arremetessem contra quem portava bandeiras.
A intolerância a símbolos partidários vinha sendo uma constante nas manifestações pela redução da tarifa desde o quinto protesto, realizado na última segunda-feira (17), quando a mobilização ganhou a adesão de dezenas de milhares de paulistanos. Nas passeatas que saíram do Largo da Batata, na zona oeste, e da Praça da Sé, no centro, já havia sido possível testemunhar o conjunto dos manifestantes constrangendo militantes partidários com gritos do tipo “Abaixa essa bandeira” ou “Bandeira, aqui, só a do Brasil”. As palavras de ordem era repetidas até que as bandeiras deixassem de tremular. Mas até então não se havia visto agressões físicas – que ontem, na Avenida Paulista, com a ajuda de grupos de extrema-direita e skinheads, beiraram o linchamento.
“Sou brasileiro, sem partido”, disse um rapaz que tomou bandeiras partidárias, em especial do PT, de cidadãos que compareceram ao protesto. Na altura do prédio da TV Gazeta, próximo ao cruzamento com a Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, um grupo sentou sobre o pavimento e impediu que pessoas com símbolos partidários avançassem. Em seguida, bandeiras foram tomadas à força e rasgadas ou queimadas. Os poucos manifestantes que conseguiram salvar suas insígnias tiveram de se retirar às pressas do meio da multidão. Quando finalmente não havia mais bandeiras no horizonte, a maioria dos manifestantes festejou e começou a cantar “Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”, enquanto chacoalhavam o símbolo pátrio.
“Não concordo com a violência, mas a maioria das pessoas estava pedindo democraticamente que eles abaixassem as bandeiras”, argumenta David Romão, de 26 anos, que não agrediu nem lançou objetos contra os militantes partidários, mas gritou para que guardassem as bandeiras. “Eu sou contra a violência, mas se o partido também fosse contra a violência, eles não viriam levantar suas bandeiras aqui. E quando todo mundo clamou, quando quase toda Avenida Paulista exigiu que abaixassem as bandeiras, se tivessem feito isso, acho que teria sido mais político e mais democrático. Eles não podem se aproveitar disso aqui.”
Luis Felipe Fabres, de 32 anos, era outra voz engrossando o coro do bloco antipartido. “A manifestação era para pedir novas mudanças no país, mas o movimento foi tomado pelo PT para desmoralizar, para que amanhã as pessoas percam a vontade de estar na rua”, disse, exaltado, depois de gritar que quem portava bandeiras vermelhas tinha mais era que ir para a Rússia. “Eles querem que tudo termine em violência pra criar medo. O movimento é de rua, é do povo, o povo é maioria, não pode entregar a rua para o PT.”
Uma das pessoas que formavam parte do cordão humano que protegia os militantes era Carlos Wellington, membro do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Wellington acredita que a agressividade contra os partidos se deve ao fato de que a multidão simplesmente desconhece que as agremiações de esquerda são responsáveis por construir a mobilização contra a tarifa ao longo dos anos juntamente com o Movimento Passe Livre (MPL). “O povo que veio para a rua só depois não está ciente de que o MPL contou muito com a ajuda da juventude do Psol, do PSTU, do PCO, do PCB e também de setores da esquerda do PT”, apontou. “Eles tiveram papel muito importante, mas o pessoal não entende.”
Para o militante do MST, a população tem de saber quais são os partidos que estão organizados em sindicatos e associações de bairro, que fazem greves e que vão às ruas manifestar por mais democracia e mais direitos. “Se eu proíbo a pessoa de carregar bandeiras, é lamentável”, continua. “E são as mesmas pessoas que gritam palavras de ordem contra o vandalismo e falam que são pacíficas. Se não tomar cuidado, esse nacionalismo inconsequente, que não tem teoria, não tem leitura, acaba levando para um fascismo.”
“Fascismo” também foi a palavra utilizada pela estudante Marília Zanotin, de 20 anos, para classificar a postura dos agressores. “É muito diferente ser apartidário de ser contra os partidos”, comparou. “É preciso reconhecer que alguns partidos participaram de lutas importantes. Isso é um movimento fascista, é algo muito perigoso. A existência de partidos é um direito conquistado depois de muita luta contra a ditadura.”
“A mobilização, para ser democrática, tem que incluir a todos os grupos e organizações políticas. E isso inclui partidos e movimentos sociais”, definiu Fernando, jovem que não é afiliado a nenhuma organização política, mas passou parte do protesto batendo boca com manifestantes que agrediam verbalmente os militantes. “A negação do partido é perigosa, pois uma política feita exclusivamente sem partido só pode ser uma política ditatorial. A ditadura é a política que elimina o partido. O partido, seja ele qual for, é importante.”
Alguns membros do Passe Livre passaram toda a manifestação tentando evitar que os manifestantes antipartido partissem para a agressão. Pouco antes das bandeiras serem abaixadas à força, um deles foi questionado por uma senhora de idade: “Por que vocês permitiram que eles viessem?”, disse a mulher, que carregava um poodle nos braços. “Minha senhora, a rua é de todos, não posso impedir que ninguém participe da passeata”, respondeu.
Um dos integrantes do MPL que se postou bem no meio da linha de fogo para acalmar os ânimos foi um jovem de 21 anos conhecido como Bahia. Ele conversou com a RBA logo depois das agressões. “É normal que, num ato que se massifica e traz centenas de milhares para as ruas, as pessoas tenham consciências diferentes e pensem diferente. Mas essas pessoas aqui acabaram de exercer uma violência absurda contra pessoas que também têm o direito de viver democracia”, lamentou. “Elas queimaram bandeiras, chutaram e bateram em militantes que estão nas ruas há anos. Sabe o que é isso? É pior do que a polícia do governador Geraldo Alckmin (PSDB).”
Problemas em outras cidades
Também no Rio de Janeiro o que deveria ser uma marcha
de comemoração resultou em depredação, repressão e ferimentos. "Estava
tudo tranquilo e pacífico, até que chegou um grupo de mascarados, com um
líder que chamava para a baderna. Aí começaram a quebrar coisas e subir
nos pontos de ônibus", declarou o contador Márcio Soares à Agência EFE. Foram
ao menos 40 feridos, que, levados para o Hospital Municipal Souza
Aguiar, no centro, acabaram perseguidos pela Tropa de Choque da Polícia
Militar, que queria invadir o local.
As manifestações em pouco mais de cem cidades de todo o país deixaram
ao menos cem feridos e fizeram sua primeira vítima fatal. Um jovem de
18 anos foi atropelado em Ribeirão Preto, interior paulista, por um
motorista irritado com uma rua bloqueada por manifestantes.
Em Brasília foram registrados alguns dos episódios
mais violentos. Um grupo tentou ocupar novamente o Congresso Nacional e,
ao não conseguir, decidiu invadir o Palácio do Itamaraty, onde funciona
o Ministério das Relações Exteriores. Os participantes do protesto
chegaram a atear fogo à fechada do edifício, quebraram vidraças e
arremessaram coquetéis molotov contra o prédio.
O chanceler Antonio Patriota disse em entrevista à rádio CBN estar “indignado” com a depredação, mas afirmou se tratar da ação de um grupo minoritário. "Foi um ato de vandalismo que não pode se repetir. Eu conclamaria a todos os manifestantes que observassem a calma e que respeitassem o patrimônio da nação", afirmou.
A presidenta Dilma Rousseff anunciou o cancelamento da viagem que faria hoje a Salvador e na próxima semana ao Japão. Ela se reúne às 9h30 com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, segundo a agenda oficial divulgada pelo Planalto. Segundo alguns jornais, a reunião foi convocada de última hora para debater as manifestações e terá ainda a participação da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho.
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