A campanha contra o aumento da tarifa dos transportes púbicos em São Paulo começou na quinta-feira passada (6), com um protesto que fechou as avenidas 23 de Maio, Paulista e 9 de Julho. Outra manifestação ocorreu na sexta-feira (7). Nos dois dias também houve violência por parte da polícia militar.
Eduardo Sales y José Francisco Neto
Foto: Policiais atiraram bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo nos manifestantes. Tiros de balas também feiram dezenas de pessoas. (Paulo Ianone)
Trabalhadores, estudantes, pessoas de diversas idades, partidárias ou
não, saíram às ruas de São Paulo pelo terceiro dia para protestar contra
o aumento das tarifas do transporte público. Nesta terça-feira (11), a
capital paulista parou em meio ao ato que reuniu cerca de 12 mil
manifestantes.
Mas o destaque ficou mesmo com a ação violenta da polícia militar do Estado de São Paulo. A Tropa de Choque da PM disparou tiros de balas de borracha, bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo nas pessoas quando o protesto, que ocorria de modo pacífico, já havia terminado.
O primeiro ato de violência policial ocorreu no terminal Parque D. Pedro, por volta das 19h30. Cinco viaturas da PM impediram que os manifestantes ocupassem a avenida Rangel Pestana por meio de bombas e balas de borracha. Várias pessoas ficaram feridas. A reportagem do Brasil de Fato presenciou ainda o cerco de três policiais a um deficiente físico, agredido com golpes de cassetetes, próximo à região da rua 15 de Novembro.
Com manifestações descentralizadas, grupos menores que tentavam seguir até a avenida Brigadeiro Luiz Antônio foram alvejados violentamente com uma sequência de tiros de armas com balas de borracha novamente. Exatamente no centro da cidade, bancas de jornal foram utilizadas para se proteger da violência dos policiais militares.
Mesmo após a agressão policial, diversos grupos conseguiram se reunir no início da Brigadeiro Luiz Antônio em direção à avenida Paulista. A passeata seguiu pacificamente, até o Masp, quando a polícia, novamente de modo agressivo, lançou uma sequência de dez bombas de efeito moral, gás de pimenta, atingindo até mesmo outros trabalhadores que retornavam para suas casas.
Manifestante entrega flores a PMs da Tropa de Choque paulista. Logo em seguida, é atingido por tiros de balas de borracha disparados pelos mesmos policiais. Foto: Rodrigo Soares |
Sobrou até para um repórter do jornal Folha de S.Paulo. Leandro Machado foi detido durante o protesto na avenida Paulista. Mesmo apresentando o crachá da empresa em que trabalha, Machado foi levado para o 78º DP (Jardins) num carro da PM. No caminho, foi informado pelos policiais de que estava sendo detido por "atrapalhar a ação da polícia". Fora o repórter, mais 20 pessoas foram detidas. Dessas, 13 ainda continuam presas, dez por formação de quadrilha e dano ao patrimônio (sem determinação de fiança), uma por dano ao patrimônio (fiança de 20 mil reais) e duas por dano ao patrimônio, descato e lesão, com fiança de R$3 mil.
Por sinal, outros dois repórteres sofreram consequências da ação policial. Apesar de estar identificado por um crachá, o jornalista Fernando Mellis levou um golpe de cassetete nas costas. O repórter do Brasil de Fato, José Francisco Neto, um dos autores dessa matéria, foi atingido por uma bala de borracha no braço.
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